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Hoje é meu aniversário! Completo 35 anos no meio de uma pandemia, e meu maior presente é estar viva, saudável e feliz.

Quando eu era adolescente, me perguntava como seria ter 35 anos. Pra mim, naquela época, essa idade representava um marco que separava a juventude – com as muitas possibilidades de ser e fazer o que quisesse – da vida adulta, com filhos, casa, carro, e todo o combo da estabilidade.

Hoje em dia, continuo achando que a vida é feita de marcos. No entanto, a minha história é prova de que não existe uma só maneira de ser feliz e que está tudo bem inverter a ordem convencional das coisas. Durante os meus 20 e tantos, eu já tinha uma vida adulta estável e cheia de conquistas – carreira indo bem, viagens de final de ano, comprei meu primeiro apartamento e comecei a investir pensando no futuro. Aos 30 e poucos, eu virei o tabuleiro, decidi recomeçar, redefini as minhas prioridades e fui atrás de outros novos sonhos.

Muitos foram os aprendizados e reflexões durante as três últimas décadas e meia com vários começos e recomeços. Registro aqui, em um memoir autobiográfico, 6 das principais lições que fizeram a minha vida mais significativa nos últimos anos.

Transforme a sua relação com o dinheiro

“Rico não é que tem mais. É quem precisa de menos.”

Fui criada em uma família que nunca teve estabilidade financeira. Meus pais sempre estavam pendurados em alguma dívida e nunca tinham dinheiro sobrando para certas indulgências. Essa herança de constante escassez marcou a forma como eu me relaciono com o dinheiro hoje e definiu como eu vivo a minha vida.

Eu aprendi de forma natural a ser minimalista e a viver com o essencial. Escolher não comprar em uma sociedade de consumo é um contrassenso. Mas, se parar pra pensar, a gente simplesmente não precisa de tantas coisas. As melhores memórias que tenho são momentos com pessoas queridas e inspiradoras que passaram pela minha vida. Ter um armário cheio de roupa ou um carro caro pode te trazer um prazer momentâneo, mas nunca vão fazer parte das suas melhores lembranças. A maioria das coisas que a gente acumula é apenas desordem.

Dinheiro pra mim também significa liberdade. Quanto menos coisas eu preciso, menos refém eu me torno das circunstâncias na minha vida. Fica mais fácil arriscar e mudar de rumo se você precisa de pouco pra viver e conseguiu fazer uma poupancinha para qualquer incerteza, novos projetos ou sonhos. Ao invés de comprar coisas, passei a investir meu dinheiro naquilo que me engrandece, através de cursos, viagens, experiências e recomeços. Hoje vivo com duas malas e a certeza de ser livre para fazer qualquer outro detour se necessário pra ser mais feliz!

Minimalismo é isso. É eliminar o que não é essencial, para termos mais do que realmente importa: tempo, espaço e liberdade.

Use seu tempo de forma sábia

“O melhor momento pra plantar uma árvore foi há 30 anos. O segundo melhor momento é agora ”

Depois de atingir o marco das três décadas, a percepção de que o tempo está passando fica muito mais clara. De jovens imortais a trintões sem a mesma energia e disposição. A cada novo fio de cabelo branco, fica mais claro que o tempo é finito. Cada instante vivido se torna passado. Você nunca tem um único segundo de volta e essa deveria ser a lição mais importante da sua vida. Reflexões sobre como estamos usando nosso tempo e se temos deixado os anos passarem sem fazer nada que nos engrandece são fundamentais, agora mais do que nunca. Não somos tão jovens mais, porém ainda temos muitos anos pela frente pra fazer o melhor uso do tempo que temos por aqui.

Por isso, repriorizar o que faço com meu tempo passou a ser uma atividade diária. Aprendi a me concentrar mais nas experiências que trazem significado e realização à minha vida e perseguir sonhos e objetivos que farão a mim e a quem eu amo mais felizes. O resultado desse exercício foi abandonar caminhos que não faziam mais sentido e a não esperar pela “hora certa” pra tomar uma decisão ou começar algum novo projeto. Esses 35 anos me ensinaram que a hora certa nunca chega porque ela é o tempo todo.

Cuide da sua saúde

“É a saúde que é a verdadeira riqueza e não peças de ouro e prata”

Quando jovens, achamos que somos invencíveis e cometemos todo tipo de atrocidade contra nossa saúde. O fato é que, na verdade, o corpo é a morada da nossa alma e, portanto, deveria ser cuidado como se fosse nosso próprio templo. Eu só fui entender isso depois de anos de noites mal dormidas, acostumada a um estilo de vida nada saudável. 

Comecei a prestar mais atenção aos sinais que meu corpo estava me enviando somente após os 30 anos. Era hora de desacelerar, mudar completamente, cuidar mais do corpo e da mente. O yoga, o ayurveda e a meditação foram pilares para a melhora na minha saúde. Passei a me alimentar de acordo com a constituição do meu corpo (o dosha, no ayurveda) o que melhorou minha digestão e praticamente zerou as vezes que eu fico doente. Também comecei a praticar exercícios como nunca antes na minha vida. Faço yoga todos os dias e corro ao ar livre – faça sol ou faça chuva. É incrível como a vida muda quando se é capaz de se mover em todas as direções. Além disso, passo mais momentos em silêncio, observando meus próprios pensamentos sem sobrecarregar a minha mente. Tudo isso transformou a minha qualidade de vida.

Nada no mundo é mais satisfatório do que estar saudável e disposta diariamente. Hoje em dia, as melhores noites são passadas sóbrias, na cama às 9 da noite, lendo, após uma automassagem nos pés.

Valorize quem você tem na sua vida

“Felicidade só é real quando compartilhada”

A maturidade também ensina a valorizar mais os nossos relacionamentos, sobretudo em tempos de isolamento. É exatamente aí quando percebemos o quão importante são nossos laços sociais para uma vida verdadeiramente significativa.

Pra mim, isso ficou ainda mais claro quando decidi mudar de cidade. Primeiro deixei minha família e os amigos mais próximos. Depois, me mudei de país e fui pipocando de lugar em lugar. Os ciclos de amizade eram cada vez mais curtos. Quando eu engatava em conversas profundas, já estava indo embora. No entanto, por mais curtos que fossem os contatos, eles passaram a ser mais intensos. É como se eu já soubesse que aquele relacionamento tinha um prazo de validade e eu tinha que torná-lo importante rápido, porque logo logo iria expirar.

Hoje levo muito menos tempo pra me conectar e tirar o melhor das pessoas. Esse exercício me trouxe não só mais amigos espalhados pelo mundo, mas também relacionamentos muito mais significativos, tanto com as pessoas que eu acabo de conhecer, mas também com os amigos de sempre.  Não importa se não moramos na mesma cidade, o reencontro sempre desperta em mim aquela cosquinha de felicidade ao lembrar dos momentos que compartilhamos juntos.

Deixe a sua espiritualidade florescer

“Caminha e o caminho se abrirá”

Passei a vida inteira tentando intelectualizar a existência de Deus e os mistérios dessa nossa curta existência. Acreditar em um pacote de dogmas etiquetado com o nome de uma religião nunca foi suficiente para responder nenhuma das minhas questões e, por isso, continuava sentindo que havia um vazio a ser preenchido.

O despertar da espiritualidade surgiu na minha vida da forma mais dura, após a morte da minha mãe. Assisti a minha mãe morrer minuto a minuto em casa, de forma previsível e inevitável, durante os seus sete últimos dias, sem poder pedir perdão e dizer o quanto eu a amava porque o seu eu-consciente não estava mais ali. Todo mundo que já perdeu um dos pais sabe que é somente nesse momento que realmente entendemos a finitude da vida e nos questionamos sobre o verdadeiro sentido da nossa existência.

Viemos e vamos desse mundo através de um feixe de luz. Desintelectualizar esse entendimento foi essencial para que a minha jornada interior e espiritualidade florescessem. Passei a encontrar certas respostas dentro de mim mesma e a confiar mais no universo. O início de tudo isso foi extremamente doloroso. Mas hoje tenho certeza que surgiu no momento e no lugar certo.

Seja fiel a você mesmo

 “É normal perder pessoas, mas nunca perca a si mesmo”

Todos nós precisamos de propósito e significado em nossas vidas. Se estivermos inibidos na busca de quem somos ou do que acreditamos por medo da rejeição ou por comodismo é muito fácil se contentar com uma vida inferior.

Eu tenho orgulho da pessoa que eu me tornei hoje e isso se deve ao fato de eu ter tido coragem de ser fiel ao que acredito e não desperdiçar tempo tentando agradar aos outros.

Custa muito para a sua felicidade passar uma vida inteira fazendo o que outras pessoas esperam de você em um processo contínuo de cancelamento de si mesmo. A autenticidade nunca foi detrimental a uma vida significativa. Ao contrário, não viver uma vida fiel a si mesmo se torna um peso muito difícil de se carregar com o passar dos anos e um dos maiores arrependimentos no final dessa jornada. Qual o sentido dessa vida se não for pra deixar sua própria essência florescer nesse mundo?


A compreensão do que nos torna felizes muda à medida que envelhecemos. Quando somos mais jovens, pensamos na felicidade como um sentimento. Com o tempo, percebemos que na verdade é um estado afirmativo de realização, significado ou abundância. Meus 35 anos me trouxeram várias vantagens: mais perspectiva, menos pressa, e uma urgência em fortalecer os relacionamentos importantes na minha vida.

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