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Durante as últimas duas décadas, muitos pesquisadores passaram a estudar a meditação em função da popularização da prática no ocidente. Há várias promessas e benefícios exagerados sendo divulgados por aí. Por isso, estudos com fundamentação científica são de grande importância para desmistificar, esclarecer e diminuir o ceticismo crescente sobre a meditação e o mindfulness.

Se você é como eu e se baseia em fatos científicos para decidir sobre como investir seu tempo e dinheiro, então esse texto é para você. Aqui está um resumo com seis benefícios da meditação que já foram estudados:

1) A meditação pode aguçar a sua atenção

O principal benefício da meditação é o aumento da atenção. E não é necessário muitos estudos científicos para percebermos nosso nível de atenção aumentada após praticar a meditação de forma consistente por muitos dias seguidos. Pesquisadores descobriram que a meditação ajuda a conter a habituação – a tendência de parar de prestar atenção a novas informações ao nosso redor. Outros estudos descobriram que o mindfulness pode reduzir a divagação da mente e melhorar nossa capacidade de resolver problemas.

Além disso, outros estudos mostraram que a atenção aprimorada parece durar até cinco anos após o treinamento constante de mindfulness. Esses benefícios também se aplicam a pessoas com transtornos de déficit de atenção, mas ainda não podemos dizer com certeza que a meditação poderia substituir remédios. Embora tenha havido alguns estudos promissores em pequena escala, especialmente com adultos,  ainda são necessários ensaios clínicos maiores para entender como a meditação pode ser combinada com outros tratamentos para ajudar crianças e adultos a controlar os déficits de atenção.

2) A meditação consistente de longo prazo parece aumentar a resiliência ao estresse

Observe que não estamos dizendo que a prática necessariamente reduz as reações fisiológicas e psicológicas a ameaças e obstáculos. Mas os estudos até agora sugerem que a meditação ajuda a mente e o corpo a se recuperar de situações estressantes.

Por exemplo, praticar meditação diminui a resposta inflamatória em pessoas expostas a estressores psicológicos, especialmente para meditadores de longa data. De acordo com pesquisas em neurociência, as práticas de mindfulness diminuem a atividade em nossa amígdala e aumentam as conexões entre a amígdala e o córtex pré-frontal. Essas duas partes do cérebro nos ajudam a ser menos reativos aos estressores e a nos recuperar melhor do estresse quando o experimentamos.

Como Daniel Goleman e Richard Davidson escrevem em seu livro Altered Traits, “Essas mudanças aparecem não apenas durante a instrução explícita para perceber os estímulos estressantes, mas até mesmo no estado básico, de repouso. Isso apóia a possibilidade de que a meditação mude nossa capacidade de lidar com o estresse de uma maneira melhor e mais sustentável”.

3) A meditação pode aumentar a compaixão e torná-la mais eficaz

Muitos estudos demonstraram que praticar a meditação da bondade e amor pelos outros aumenta nossa disposição de agir para aliviar o sofrimento. Essa reação parece estar relacionada com a diminuição da atividade da amígdala na presença de sofrimento, enquanto circuitos no cérebro que estão conectados a bons sentimentos e amor são ativados.

Para meditadores de longa data, a atividade na parte de nossos cérebros que, quando não está ocupada com a atividade concentrada, rumina sobre pensamentos, sentimentos e experiências se acalma, sugerindo menos ruminação sobre nós mesmos e nosso lugar no mundo.

4) A meditação pode ter um impacto positivo em seus relacionamentos.

Existem muitos estudos que conectam a prática da meditação com a qualidade dos relacionamentos, o que é provavelmente um subproduto dos efeitos que já mencionados acima.

Por exemplo, em um estudo de 2016, pesquisadores acompanharam a prática de meditação de 88 casais. Em seguida, eles tomaram os níveis de cortisol em cada casal antes e após discutirem sobre um conflito em seu relacionamento. Obviamente, os níveis de cortisol dispararam durante a discussão, um sinal de alto estresse. Mas os níveis nas pessoas mais conscientes – tanto homens quanto mulheres – voltaram mais rapidamente ao normal depois que o conflito terminou, sugerindo estarem mantendo a calma.

A meditação e o mindfulness também estão ligados a melhores relacionamentos com os filhos. Estudos descobriram que a prática da meditação pode diminuir o estresse, a depressão e a ansiedade em pais de pré-escolares e crianças com deficiências. A parentalidade atenta também está ligada a um comportamento mais positivo nas crianças.

Resultados em um pequeno estudo piloto sugerem que a prática de mindfulness parecia ativar a parte do cérebro envolvida na empatia e na regulação emocional e que os filhos de pais que apresentaram maior ativação perceberam a maior melhora na relação pais-filho.

5) A meditação parece reduzir muitos tipos de preconceito

Estamos vendo mais e mais estudos sugerindo que a prática da meditação e mindfulness pode reduzir o preconceito psicológico.

Por exemplo, um estudo descobriu que uma breve meditação da bondade e amor reduziu o preconceito contra os sem-teto, enquanto outro descobriu que um breve treinamento de mindfulness diminuiu o preconceito inconsciente contra negros e idosos. Em um estudo realizado por Adam Lueke e colegas, participantes brancos que receberam um breve treinamento de mindfulness demonstraram comportamento menos tendencioso (não apenas atitudes) em relação aos participantes negros em um jogo de confiança.

No entanto, o preconceito social não é o único tipo de preconceito mental que a meditação parece reduzir. Por exemplo, vários estudos mostram de forma convincente que a meditação provavelmente reduz o viés dos custos irrecuperáveis, que é a nossa tendência de permanecer investidos em uma proposta perdedora.

A meditação também parece reduzir nossa tendência natural de nos concentrarmos nas coisas negativas da vida. Em um estudo, os participantes relataram seus níveis gerais de meditação e, em seguida, viram rapidamente fotos que induziram forte emoção positiva (como fotos de bebês), forte emoção negativa (como fotos de pessoas com dor), ou nenhuma, enquanto faziam a varredura de seus cérebros. Os participantes mais atentos foram menos reativos a fotos negativas e mostraram maiores indicações de sentimento positivo ao ver as fotos positivas. Conforme os autores, isso apóia a alegação de que a meditação diminui o viés da negatividade, algo que outros estudos também indicam.

6) A meditação tem um impacto na saúde física, ainda que modesta

Muitas alegações foram feitas sobre meditação e saúde física, mas às vezes essas alegações são difíceis de substanciar ou podem ser confundidas com outros efeitos. Dito isso, há boas evidências de que a meditação afeta os índices fisiológicos de saúde, ainda que de forma modesta.

Já mencionamos que a meditação de longo prazo parece proteger as pessoas da resposta inflamatória ao estresse. Além disso, os meditadores parecem ter atividade aumentada da telomerase, uma enzima implicada em uma vida celular mais longa e, portanto, na longevidade e saúde geral.

Quer começar a meditar e não sabe por onde começar? Confira esse artigo!

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